quarta-feira, 25 de maio de 2011

Primeiro mês

Depois de pouco mais de um mês, trago mais alguns detalhes sobre minha estada na Alemanha.
Meu primeiro problema aqui foi com o plano de saúde. Detalhes burocráticos quase atrapalharam minha matrícula e o problema foi agravado por terem os organizados alemaes perdido todos os papéis que havia entregue e preenchido e só descobriram isso duas semanas depois quando fui atrás. Felizmente, o problema resolveu-se. Nao sem um outro susto: quiseram me cobrar uma fortuna pelo plano, muito mais do que se paga no Brasil e eu teria que pagar plano para os filhos aí e aqui.
Felizmente, está resolvido, pelo menos por enquanto.
A saúde é pública na Alemanha, mas todos tem que ter plano de saúde, públicos ou privados. Em tese, nao é obrigatório, mas eles exigem para estudar, trabalhar e para conceder visto.
Quem vive na Alemanha, rapidamente descobre que o Estado Social garante menos descrepâncias sociais (o que é ótimo), mas custa muito caro.
De fato, aqui todos tem direito à alguma ajuda do Estado, seja por escola, saúde, excelentes meios de transporte (tudo é bom: trem, metrô, estradas etc.) ou, para os desempregados, uma ajuda social concedida pelo Estado e cujo valor foi majorado depois da decisao da Corte Constitucional Alema, Hartz IV.
Na Faculdade, o sistem é bem diferente do Brasil. Ninguém paga a faculdade, apenas um valor para matrícula que varia de Estado para Estado, aqui custa pouco mais de 200 euros.
As salas sao enormes e há espaco em algumas para 300 alunos. Nao há chamada e vai quem quer. Em compensacao, há provas, que sao dificílimas. Daí o grande índice de evasao, que, em Minique, é de cerca de 66 %. E, mais, terminado o curso tem que fazer o Exame de Estado . Se reprovar, o aluno tem direito a mais uma tentativa, se reprovar de novo: aí ele nao poderá ser advogado, juiz ou promotor e nem mesmo recomecar a faculdade para tentar de novo. E nao é só no direito que há Exame de Estado...
Por isso, há, desde o início, uma grande preocupacao com provas e os alunos sao muito cobrados. Em toda aula, os professores falam em provas.
Mas a faculdade dá todo suporte em termos de livros (bilioteca aberta até meia noite) com muitos livros, atualizados, e muito material para consulta e há bandeijoes de boa qualidade, que tornam a vida do estudante bem mais fácil.
O que certamente trará mais estranheza há um estudante brasileiro ou latino-americano é o frio. Estamos quase no verao e a temperatura mínima ainda pode chegar aos 7o ou menos, sem falar na enorme variacao.
No Brasil, é outra cadência...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Chegada


Não encontrei o 'tom' do blog. Já falei de cultura, de filosofia, de mim e dos meus devaneios.
Pertenço irremediavelmente à geração 1.0 (é assim que se chama?) e me orgulho disso. Adoro o texto escrito no papel (e visitar uma livraria), um bom filme ou uma boa peça e uma música, ao vivo. Tudo, de preferência, ao vivo. E que tenha vida.

Como nos ensinou Ortega y Gasset: 'Eu sou eu e minhas circunstâncias'.
As circunstâncias mudaram e estou de volta: procurando um contato mais pessoal com minha terra, tal qual uma mensagem deixada numa garrafa esperando que quem a encontre do outro lado do mundo também ache sentido nela.

Comecei minha cruzada alemã por uma breve visita (4 dias de lua de mel) à Itália, depois de uma rápida visita à gelada primavera de Göttingen pelas inacreditáveis auto-estradas alemãs.

Fomos de Frankfurt para à caótica e efusiva Nápoles. Fiquei em um Hotel no centro (Decumani, não tão caro e com um pessoal muito solícito) e quem viu o bobíssimo 'amar, comer e rezar' reconhece as vielas estreitas, sujas e movimentadas. Ainda assim, vale à visita.

No mesmo dia fomos jantar no Palazzo Petruci, um bom restaurante, com ótima carta de vinhos, próximo do hotel. E, no outro dia, para o Museu Arqueológico de Napóles: as impressionantes obras de arte que decoravam a cidade, os templos e as casas de Pompéia e Herculano já valem a visita. Quem negligencia a magnitude do império romano vai ficar impressionado.

Depois comemos uma pizza em um lugar qualquer em Napóles: barata, grande e custando apenas 4 ou 5 euros deu para entender por que ela é considerada a melhor pizza da Itália. Boa Muzzarela, bom tomate, boa massa e um bom forno à lenha: do que mais precisa uma pizza?

Daí, partimos para a encantadora Costa Amalftina de trem (de Napóles até Sorrento) e de ônibus, de Sorrento a Positano, nossa última parada.

Grande erro: apesar da viagem de trem ser barata, o aluguel de um carro (que deve ser alugado antes: por ser mais barato e não depender da disponibilidade) também seria e basta a carteira com um ano de validade no pais, embora uma internacional (tira-se em 24 hora no DETRAN) seja recomendável. E sem um carro a locomoção para as cidades vizinhas é mais complicada. Táxi: custa uma fortuna, sem exagero.

No nosso caso, como houve uma greve (a segunda no sistema de transporte que vejo nas duas vezes estive na Itália) de ônibus durante nossa viagem, ficamos presos em Positano, o que não é um problema. Só a vista da cidade já vale a visita: impressionante.

Estou postando a foto, mas o computador não consegue dar conta da beleza. Foi tirada do Hotel San Pietro, que tem uma das melhores vista de hotel no mundo, cuja diária não dava para encarar. Nosso hotel era ótimo (Palazzo Murat), bem decorado, confortável e com um pessoal que resolvida tudo, mas faltou à vista, que poderia ser encontrada em outros hotéis com preço semelhante, como Casa Albertini ou, mais caros, como La Sireneuse. E, acredite, se você for a Positano você vai querer uma vista.

A cidade é linda e disputa com Amalfi, Sorrento e Ravelo (todas próximas, há menos de 20 km cada uma, em desfialdeiros ao lado do mar e com vista de tirar o fôlego) o título de posto favorito dos visitantes da costa amalfitana. E em qualquer passeio você pode ver a estrada mais bonita do mundo, que rivaliza com a de Carmel e poucas mais.

Ficamos os três dias em Positano e visitamos Ravelo e Amalfi. Sorrento é a que mais tem cara de cidade e pode ser mais conveninte, mas não tem o mesmo encanto.

Amalfi parece com Positano, mas também tem um ar de cidadela (por já ter sido uma importante cidade comercial) e tem uma igreja luxuosa e deslumbrante. E ainda tem um excelente restaurante que já foi frequentado por Felini: Caravele. Para quem pensa que cozinha italiana é igua a massa, os peixes do restaurante tiraram qualquer dúvida. A Itália é muito mais do que massas.

Ravelo, com seus jardins e um ar de vila, é encantadora e já foi descrita como a cidade que os poetas vão para morrer.

Positano, inscrustada entre as montanhas, com casas quase sobrepostas em um ângalo de quase 90o, é encantadora e nem o ar de cidade turística consegue tirar o seu charme e beleza.

Se Ravelo é a cidade onde os poetas vão para morrer, eles podem encontrar inspiração em Positano. Nureyev comprou a ilha 'legale', de frente para Positano: o senso estético do maior bailarino da história fala por si.

No final, apesar dos preços muito caros (em uma cidade em que muitos só trabalham 6 meses por ano - de abril a setembro, por conta do frio) a Costa Amalfitana vale pelo menos uma visita na vida. Afinal, a vida precisa de encantamento...

E ainda pode incluir no pacote uma ida à Pompéia: um capítulo à parte, que fica para o próximo texto.