segunda-feira, 4 de abril de 2011

Chegada


Não encontrei o 'tom' do blog. Já falei de cultura, de filosofia, de mim e dos meus devaneios.
Pertenço irremediavelmente à geração 1.0 (é assim que se chama?) e me orgulho disso. Adoro o texto escrito no papel (e visitar uma livraria), um bom filme ou uma boa peça e uma música, ao vivo. Tudo, de preferência, ao vivo. E que tenha vida.

Como nos ensinou Ortega y Gasset: 'Eu sou eu e minhas circunstâncias'.
As circunstâncias mudaram e estou de volta: procurando um contato mais pessoal com minha terra, tal qual uma mensagem deixada numa garrafa esperando que quem a encontre do outro lado do mundo também ache sentido nela.

Comecei minha cruzada alemã por uma breve visita (4 dias de lua de mel) à Itália, depois de uma rápida visita à gelada primavera de Göttingen pelas inacreditáveis auto-estradas alemãs.

Fomos de Frankfurt para à caótica e efusiva Nápoles. Fiquei em um Hotel no centro (Decumani, não tão caro e com um pessoal muito solícito) e quem viu o bobíssimo 'amar, comer e rezar' reconhece as vielas estreitas, sujas e movimentadas. Ainda assim, vale à visita.

No mesmo dia fomos jantar no Palazzo Petruci, um bom restaurante, com ótima carta de vinhos, próximo do hotel. E, no outro dia, para o Museu Arqueológico de Napóles: as impressionantes obras de arte que decoravam a cidade, os templos e as casas de Pompéia e Herculano já valem a visita. Quem negligencia a magnitude do império romano vai ficar impressionado.

Depois comemos uma pizza em um lugar qualquer em Napóles: barata, grande e custando apenas 4 ou 5 euros deu para entender por que ela é considerada a melhor pizza da Itália. Boa Muzzarela, bom tomate, boa massa e um bom forno à lenha: do que mais precisa uma pizza?

Daí, partimos para a encantadora Costa Amalftina de trem (de Napóles até Sorrento) e de ônibus, de Sorrento a Positano, nossa última parada.

Grande erro: apesar da viagem de trem ser barata, o aluguel de um carro (que deve ser alugado antes: por ser mais barato e não depender da disponibilidade) também seria e basta a carteira com um ano de validade no pais, embora uma internacional (tira-se em 24 hora no DETRAN) seja recomendável. E sem um carro a locomoção para as cidades vizinhas é mais complicada. Táxi: custa uma fortuna, sem exagero.

No nosso caso, como houve uma greve (a segunda no sistema de transporte que vejo nas duas vezes estive na Itália) de ônibus durante nossa viagem, ficamos presos em Positano, o que não é um problema. Só a vista da cidade já vale a visita: impressionante.

Estou postando a foto, mas o computador não consegue dar conta da beleza. Foi tirada do Hotel San Pietro, que tem uma das melhores vista de hotel no mundo, cuja diária não dava para encarar. Nosso hotel era ótimo (Palazzo Murat), bem decorado, confortável e com um pessoal que resolvida tudo, mas faltou à vista, que poderia ser encontrada em outros hotéis com preço semelhante, como Casa Albertini ou, mais caros, como La Sireneuse. E, acredite, se você for a Positano você vai querer uma vista.

A cidade é linda e disputa com Amalfi, Sorrento e Ravelo (todas próximas, há menos de 20 km cada uma, em desfialdeiros ao lado do mar e com vista de tirar o fôlego) o título de posto favorito dos visitantes da costa amalfitana. E em qualquer passeio você pode ver a estrada mais bonita do mundo, que rivaliza com a de Carmel e poucas mais.

Ficamos os três dias em Positano e visitamos Ravelo e Amalfi. Sorrento é a que mais tem cara de cidade e pode ser mais conveninte, mas não tem o mesmo encanto.

Amalfi parece com Positano, mas também tem um ar de cidadela (por já ter sido uma importante cidade comercial) e tem uma igreja luxuosa e deslumbrante. E ainda tem um excelente restaurante que já foi frequentado por Felini: Caravele. Para quem pensa que cozinha italiana é igua a massa, os peixes do restaurante tiraram qualquer dúvida. A Itália é muito mais do que massas.

Ravelo, com seus jardins e um ar de vila, é encantadora e já foi descrita como a cidade que os poetas vão para morrer.

Positano, inscrustada entre as montanhas, com casas quase sobrepostas em um ângalo de quase 90o, é encantadora e nem o ar de cidade turística consegue tirar o seu charme e beleza.

Se Ravelo é a cidade onde os poetas vão para morrer, eles podem encontrar inspiração em Positano. Nureyev comprou a ilha 'legale', de frente para Positano: o senso estético do maior bailarino da história fala por si.

No final, apesar dos preços muito caros (em uma cidade em que muitos só trabalham 6 meses por ano - de abril a setembro, por conta do frio) a Costa Amalfitana vale pelo menos uma visita na vida. Afinal, a vida precisa de encantamento...

E ainda pode incluir no pacote uma ida à Pompéia: um capítulo à parte, que fica para o próximo texto.

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