quinta-feira, 8 de abril de 2010

O ser e tempo: aqui e agora


Um dos livros mais importantes do século XX tem o título "Ser e Tempo", Sein und Seit, de Martin Heidegger. O livro é uma reflexão sobre o ser no mundo, mas não pretendo discorrer sobre o significado do ser e do ser aí (sein und dasein) na hermética e complexa filosofia de Martin Heidegger.
O que me interessa é o ser aqui?
O problema que os homens deparam-se a cada dia é descobrir o significado do ser aqui. E agora.
O que devo fazer? O que é importante para mim? O que me tira da cama?
A pergunta pode ser libertadora ou angustiantemente escravizante e até paralizar , provalmente, cedo ou tarde, terã ambos os efeitos.
O que os meus amigos mais velhos demonstram e os livros que leio confirmam é que esta pergunta deve ser feita aqui e agora, sempre! Caso contrário, poderemos simples perder o tempo e chegará inevitavelmente a hora em que começaremos a achar que é tarde de mais para fazer as perguntas certas? E aí a procuraremos desesperadamente a resposta, achando que é tarde demais, embora quase sempre não seja.
É, viver não é nada fácil, mas pode ser bem interessante, aqui e agora.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Avatar



Avatar, de James Cameron, é o filme do momento: turbinado pela impressionante exibição em 3D com fabulosos efeitos especiais e cores de diversas matizes ele ganhou o público mundial.

A história é bem conhecida: cientistas ambiciosos, à serviço da indústria gananciosa, pretendem conquistar Na'Vi, o perfeito mundo onde convivem Avatares fauna e flora em plena harmonia para retirar valiosíssimo mineral.

O filme tem seus encantos e momentos quase lúdicos, mas não poderia ser mais previsível: uma história de amor em um mundo maniqueísta, onde o bem termina sempre ganhando.

Muitas metáforas podem ser feitas: Canudos, a conquista das Américas contra Maias, Incas, Astecas ou as diversas tribos brasileiras. Nestes casos, o resultado foi bem outro, e, entre os Astecas, foi o próprio Monctezuma quem se entregou.

É antiga a relação entre a pureza e bondade dos índios com a visão decadenta da civilização européia e, pelo menos desde Rousseau, já foi integrada à auto-crítica dos bons civilizados. O bom selvagem tinham como inspiração índios americanos.

O Avatar é a versão atual do bom selvagem e é claro que moralmente qualquer um de nós preferiria ser um Avatar. Afinal, eles se integram tão bem com a natureza que domam até feras, dúvido muito que um leão na Áfria ou uma Jibóia na Amazônia atendesse à generosidade dos gentis humanos.

Se o argumento do filme é interessante, a história contada perde muito em seu maniqueísmo triunfalista. E, uma história não vale somente pelo que conta, mas também pelo modo como conta.

O filme impressiona pelos efeitos especiais, pela beleza, conforta e vende, vende muito, mas duvido muito que leve a uma reflexão mas profunda sobre a civilização ocidental e seus valores baseados na conquista, no sucesso e no lucro, que já estão em transformação mesmo. E o filme aproveita para incorporar o discurso ambientalista e igualitário. Com que finalidade?

Não importa, afinal, Avatar está atingindo seu objetivo: lucro, muito lucro, com seus mais de U$ 500.000.000,00 e no rumo para atingir novo recorde, superando, advinhem quem, Titanic, do mesmo James Cameron.

Não é sonhando com Ni´vi que vamos transformar o mundo, mas ceramente vamos encher os bolsos de Hollywood e de Cameroom. Que revolução vocês acham que Avatar pretende fazer?


Para quem prefere uma visão mais favorável ao filme, ver: http://inacio-a.blog.uol.com.br/arch2010-01-17_2010-01-23.html